Sem dúvida, a preocupação com a presença de substâncias contaminantes que não fazem parte da composição do leite está presente no dia a dia dos produtores desse alimento.
Por isso, a cadeia produtiva do leite está em constante monitoramento de resíduos de medicamentos veterinários, visando garantir a segurança dos alimentos para os consumidores.
Anteriormente, conversamos em outros artigos do blog sobre a presença de aditivos e substâncias que aumentavam o volume ou a durabilidade do leite. Na pauta de hoje, falaremos sobre os diversos tipos de métodos existentes, seus fundamentos de detecção, e entraremos em um assunto que pode causar bastante polêmica: resíduos de antibióticos e a interpretação dos seus resultados. A saber:
Bem, a presença de resíduos de medicamentos, como antiparasitários e antimicrobianos (antibióticos), pode ser comum no leite produzido, uma vez que estes medicamentos têm seus usos permitidos.
Entretanto, as quantidades não devem exceder os valores pré-estabelecidos na legislação brasileira. Estes limites são denominados de Limites Máximos de Resíduos (LMR em português, ou “MRL - Maximum Residues Level” em inglês).
Assim, para monitorar esses valores, são realizados, inicialmente, testes rápidos de triagem, para o rastreamento dessas substâncias e entender se estão presentes no leite. Estes testes são chamados de qualitativos, onde é determinada a presença ou a ausência dos mesmos.
Desta forma vamos fazer uma revisão dos métodos de análises existentes e uma cronologia da evolução dos mesmos.
Bem, até aqui vimos que a Legislação Brasileira tem os seus parâmetros e níveis de aceitação desses resíduos de antibióticos, mas como esse monitoramento é realizado?
Os métodos de monitoramento são classificados em dois tipos, de triagem e de confirmação. Ou seja, é feito em duas fases.
Na primeira, existe a triagem através dos testes qualitativos ou semi-quantitativos Esses podem ser dos tipos:
O primeiro método utilizado foi o da inibição do crescimento microbiano, que se baseava no princípio da inibição do crescimento das bactérias em uma placa de petri, previamente semeada com uma quantidade conhecida de bactérias, sobre a qual se adicionava um volume de leite e se houvesse a presença de resíduos de antibióticos acima de uma determinada concentração, haveria a inibição do crescimento das bactérias, ao se medir o tamanho da inibição, se saberia se a concentração de antimicrobianos está acima do limite máximo permitido.
O resultado deste método leva de 12 a 24 horas para ficar pronto, o que torna inviável a sua utilização em análises de recebimento e liberação do leite para descarregamento. Estes métodos foram utilizados na indústria de alimentos até o início da década de 1970, e não identificam o tipo do antimicrobiano e a resposta depende da sensibilidade da bactéria utilizada ao antimicrobiano presente na amostra. Além disso, são incapazes de identificar o tipo do antibiótico presente na amostra e o resultado é presença ou ausência, sem diferenciar a família do antimicrobiano.
Com a evolução da imunoquímica no final da década de 1980, surgiu a técnica elisa -“enzyme-linked immunosorbent assay”- análise por uma enzima ligada a um substrato imune- criaram-se métodos que podiam identificar substância específica, de uma forma efetiva, cada análise elisa identificava especificamente uma família de antimicrobiano e sem interferência de outros compostos, este tipo de análise significou um salto qualitativo enorme, pois agora era possível saber exatamente qual era o antimicrobiano presente no leite, sem interferência de outros contaminantes. Apesar do tempo de análise ser menor que o do método microbiológico (em torno de duas horas), os grandes problemas desta técnica eram a dificuldade do manuseio das microplacas, o número de etapas do processo (5 etapas), os problemas operacionais e os erros analíticos, além do custo mais elevado que este. Este tipo de método teve seu uso restrito, praticamente, aos centros de pesquisas e universidades.
Este tipo de método foi introduzido no mercado mundial no início da década de 1990, e começou a ser utilizado no Brasil, introduzido pelo diretor técnico da Somaticell, quando este desempenhava as funções de gerente da qualidade de um grande laticínio em São Paulo, em 1994.
Nesse cenário, existe uma categoria de testes que identifica a presença desses resíduos sem quantificar valores. Então, mesmo que esses estejam abaixo do limite máximo da legislação, podem apontar como resultados positivos.
Nesses casos, mesmo com uma pequena presença de resíduos de antibióticos, o leite pode ser considerado apto para consumo, visto que respeitam os limites da legislação.
Separamos o tema nos seguintes tópicos para facilitar a leitura e entendimento de todo o cenário:
Os antibióticos são bastante utilizados nos bovinos para o tratamento de diversas doenças infecciosas, como a mastite. Essas substâncias químicas têm como papel matar ou inibir o crescimento de microrganismos que causam patologias em humanos ou em animais.
Dessa forma, ao detectar a presença desses microrganismos no rebanho, o médico veterinário pode utilizar a mais diversa gama de antibióticos disponíveis para os bovinos, a depender do tipo de bactéria ou parasita que acomete o animal.
O uso dos antibióticos é uma arma bastante eficiente para o controle e a erradicação de doenças, quando utilizado de forma adequada e sob prescrição. Quando o tratamento é feito de forma irresponsável, sem acompanhamento veterinário, pode desencadear diversos problemas para a saúde pública.
Entre eles, o mais famoso é a resistência antimicrobiana. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), esse é um dos maiores desafios de saúde pública do mundo. Por isso, profissionais veterinários têm a responsabilidade de controlar o tratamento dos animais e realizar a testagem de resíduos antibióticos no leite para aumentar ainda mais a segurança e a qualidade da matéria-prima.
Nesse cenário, os testes de resíduos antibióticos são métodos de controle utilizados para identificar a presença de resíduos. Dessa forma, é possível ter um maior controle sobre a presença dessas substâncias que interferem na qualidade do leite produzido.
Os principais tipos de testes disponíveis no mercado podem ser divididos em testes rápidos ou testes de triagem, que trazem resultados qualitativos (positivo ou negativo), e os testes confirmatórios, que envolvem um processo mais demorado.
Dentre os antibióticos mais utilizados nos bovinos, podemos citar como os mais utilizados nos rebanhos as seguintes classes:
Mas atenção! Mesmo que as classes sejam as mesmas, não utilize antibióticos próprios para a medicina humana em bovinos. Ainda não há estudos sobre o período de descarte. Então, siga as instruções do médico veterinário da sua propriedade.
Para o tratamento de quaisquer infecções bacterianas ou parasitárias que utilizam antimicrobianos, independente da via de administração, pode haver resíduos desses medicamentos no leite, mesmo em pequenas quantidades.
As vias mais comuns de administração em bovinos são intramamária, intrauterina, oral, muscular ou pela pele. Os antibióticos são absorvidos pela corrente sanguínea após a aplicação e depois podem passar para o leite.
Normalmente, a presença de antibióticos está associada às seguintes condições:
A legislação brasileira é bastante cuidadosa no quesito de monitoramento dos produtos de fonte Agrícola e da Pecuária. Dessa forma, o Plano Nacional de Controle de Resíduos em Produtos de Origem Animal (PNCRC) estabelece para leite os Limites Máximos de Resíduos (LMR).
Os parâmetros de LMR são descritos no Decreto 9013 de 2017. Neste documento Normativo está descrito o Subprograma de Monitoramento, de Investigação e Exploratório, para execução do PNCRC.
De acordo com o Decreto 9013, em seu artigo 248, o leite normal é aquele que não apresenta resíduos de produtos de uso veterinário e contaminantes acima dos limites máximos previstos. Além disso, através desse decreto também está descrito o Plano de Amostragem e os procedimentos para colheita, preparação, acondicionamento e envio de amostras para análise.
Para um controle atual, todos os anos o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publica o escopo dos analitos que precisam de monitoração, bem como o número de amostras que a matriz precisa coletar.
O primeiro erro que pode ocorrer ao realizar um teste qualitativo é fazer a análise logo após a ordenha. Isso pode gerar falso-positivo, devido aos inibidores naturais que estão presentes e estão em ação no leite por um período de até 3 horas.
Então, para driblar essa ocorrência, a amostra deve ser aquecida a 80 °C por 5 minutos e depois refrigerada. Isto inativa os inibidores naturais e evita um resultado falso-positivo.
Mas como citamos anteriormente, geralmente esses testes ocorrem horas depois, já no tanque dos caminhões, chegando à indústria de laticínios.
Vimos até aqui que é de suma importância o cuidado com a refrigeração no período de transporte da amostra de leite, tendo em vista a presença de microrganismos psicotróficos.
É necessário ter esse controle prévio, antes de buscar as razões do aumento de CMP no leite, seja ele por crescimento bacteriano ou adição de soro de leite.
Tendo os cuidados prévios, a melhor forma de detecção das quantidades CMP (caseinomacropeptídeo) é através do método HPLC, sigla em inglês para cromatografia líquida de alto desempenho.
Através dessa análise, é possível perceber a qualidade do leite e avaliar a capacidade de conversão do mesmo em produtos derivados como queijo e iogurte, que são dependentes da caseína intacta.
No Brasil, existem diversos kits de detecção de resíduos antimicrobianos. Entretanto, é necessário selecionar os testes de triagem que mais se adequam para a sua situação, de acordo com os limites de detecção de resíduos de antimicrobianos.
No Brasil, a Somaticell Diagnósticos trabalha com kits projetados para atender o mercado brasileiro, com as maiores proteções em termos de capacidade de detecção de drogas, cobertura de famílias detectadas, com 100% das necessidades descritas no PNCRC – Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes- do MAPA, para garantir que os laticínios recebam o leite com resíduos abaixo da legislação, mas sem descartar leite bom como sendo leite contaminado.
Com os Kits 2 em 1 da Somaticell, é possível realizar o monitoramento adicional previsto na IN76 e na IN77, com coberturas de 90% ou 95%, ou 100% das drogas antimicrobianas comercializadas para vacas leiteiras.
As análises realizadas para a identificação dos Betalactâmicos e Tetraciclinas conseguem atingir uma eficácia de 100%. Então, de acordo com a necessidade do cliente, os kits podem ser adequados para a realização do diagnóstico no rebanho.
Com relação a metodologia, os kits Somaticell Diagnósticos são baseados em Elisa (Enzime Linked Immunosorbent Assay), fabricados sob os mais rígidos padrões de qualidade e atendendo aos requisitos de limites de detecção exigidos pelo MAPA – Ministério da Agricultura- ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária - e Codex Alimentarius.
Dessa forma, a Somaticell diagnóstico pode, através desses kits, consegue identificar Beta Lactâmicos, Tetraciclinas, Sulfonamidas e Fluorquinolonas, Aminoglicosídeos, Macrolídeos e Anfenicois. A Somaticell comercializa soluções, combinadas ou individuais para cada uma das famílias de antibióticos comercializados no Brasil.
Os testes para detecção de resíduos de antibióticos do tipo qualitativo podem identificar a presença dessas substâncias mesmo em quantidades inferiores ao estabelecido pela LMR.
O que acontece quando é detectado resíduo por estes testes de triagem? Significa que o teste detectou um valor de resíduos de antibióticos no limite de detecção do método, que pode ser próximo do LMR (Limite Máximo de Resíduo), ou abaixo do LMR.
Utilizando somente essas ferramentas, automaticamente o leite poderia ir para o descarte, certo?
O protocolo para descarte de leite impróprio para o consumo humano deve ser comprovado pela certeza inequívoca de que a concentração no produto é de fato acima da legislação. Para estes casos alguns países estabelecem um procedimento oficial para auxiliar as indústrias na aplicação deste protocolo, o que infelizmente não é o caso do Brasil.
Para uma maior clareza do assunto, usaremos as definições da FIL-IDF sobre o tema:
FALSOS POSITIVOS:
- Leite anormal – leite ácido;
- Concentração alta de sólidos na amostra, ex. soro concentrado;
- Células somáticas altas;
- Gordura alta.
FALSOS NEGATIVOS
- Método mal dimensionado para a finalidade
- Exemplo 1: método microbiológico que tem como apelo a detecção de múltiplas drogas está validado apenas para beta mais tetra e dará a falsa impressão de leite seguro, mesmo com a droga presente no leite acima do lmr.
- Exemplo 2: método para beta lactâmicos que detecta cefalexina a 500ppb, enquanto a norma é de 100 ppb, ou seja o resultado negativo não garante o atendimento na norma.
FALSOS VIOLATIVOS
Para uma determinação exata e precisa da concentração de resíduos de drogas veterinárias a metodologia quantitativa indicada no Brasil e em outros países é HPLC MS/MS (cromatografia líquida de alto desempenho com detector de massa/massa), que consegue quantificar as quantidades ao nível de ppbs (parte por bilhão ou mg/l por exemplo). Ocorre que este tipo de equipamento é de difícil operação, pois requer técnicos altamente especializados, alto investimento, baixa capacidade do número de análises e tempo de resposta longo, fazendo com que no Brasil, por exemplo, tenhamos poucos centros aptos a realizar este tipo de análises, localizados em regiões distantes das grandes bacias leiteiras.
Em decorrência disto temos um tempo médio para a realização de uma amostra quantitativa ao redor de 15 dias, da coleta para o resultado. Na prática isto significa que este tipo de análise só serve como uma análise fiscal, ou para programas de governo e estudos acadêmicos.
Mas como solucionar o tema para a condenação de leite? Com os métodos da Somaticell, é possível, através aplicação dos métodos de análise de violação, conhecendo-se a droga envolvida na violação, alguns aspectos de caracterização da amostra analisada e o método aplicado, podermos estimar com alto grau de certeza se a amostra está acima da legislação brasileira e se o leite deve ser condenado, por violação da mesma.
Desta forma, você que é cliente da Somaticell, poderá usufruir deste serviço exclusivo para aplicar uma sanção de condenação do leite, ou não, depois da aplicação do método específico.
Quando falamos em antibióticos, uma coisa que deve ficar clara é que ainda não foram feitos medicamentos que o organismo dos bovinos absorve totalmente, então os resíduos . Por isso, sempre que houver a administração desses medicamentos, é possível encontrar traços da sua eliminação no leite.
Então, com base nesse princípio é que existe uma tolerância legislativa, que permite um Limite Máximo de Resíduo (LMR).
Dentro desse universo, temos a questão dos falsos-violativos, que apresentam uma certa quantidade de antimicrobianos, mas contudo, eles encontram-se abaixo do LMR, e portanto aptos para o consumo.
Bem, se a legislação prevê que é possível manter a segurança alimentar mesmo na presença desses antibióticos, então, menos leite é descartado.
Mas para se evitar esses descartes, é necessário que os produtores utilizem de forma consciente esses antimicrobianos, respeitem o tempo de descarte e se lembrem sempre que o limite máximo de resíduos estabelecido é aplicado para cada animal e a análise em tanques de coleta ou caminhões é uma mera liberalidade da autoridade sanitária, para fixar um ponto de controle operacionalmente factível.
Para a detecção de resíduos de todos os antibióticos vendidos no Brasil e permitidos para uso pelo MAPA, conte com a Somaticell para o fornecimento dos kits de detecção. Nós temos uma cobertura completa das demandas técnicas e com o suporte técnico para ajudar você a aplicar a legislação da melhor forma possível e com a melhor relação benefício/custo.
Para saber mais informações sobre nossos serviços, entre em contato com a gente e fale com um de nossos especialistas!
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