Um dos alimentos mais importantes da agropecuária brasileira é o leite. A produção de leite no país mais que dobrou nos últimos 15 anos, correspondendo a 7% do volume mundial e colocando o Brasil como quarto maior produtor de leite do mundo.
Além de servir como matéria prima para muitos outros alimentos, extremamente consumidos, o leite possui alto valor e representatividade na nutrição. Sem falar em seu papel social, ao estabelecer diversas vagas de emprego nessa indústria.
No entanto, mesmo com o aumento da produção, essa é uma atividade que possui muitos desafios e custos, principalmente em questões de infraestrutura e de estratégias no cuidado com os animais. Deve-se ter compreensão de todas as fases da produção de leite, para que seja possível obter um bom produto final.
Isso porque cada etapa necessitará de cuidados específicos, que resultarão no sucesso da produção. E entre elas, há o período seco das vacas, considerado de suma importância para uma lactação saudável.
Nesse período, as vacas passam por um descanso da glândula mamária, fundamental para a saúde do animal e prevenção de perdas futuras do leite. E mais do que o descanso, o período de secagem é uma excelente oportunidade para o tratamento de mastites.
Por isso, trouxemos neste artigo informações essenciais para que você entenda como ocorre a mastite em vacas secas, como tratar e por que o tratamento é recomendado nessa etapa.
Confira o que você irá encontrar nesta leitura:
O período seco é uma fase que merece atenção e cuidados, já que é nesse período que o animal pode se recuperar e se prepara para a próxima lactação, garantindo o sucesso na propriedade leiteira.
Esse período consiste em uma fase de descanso da glândula mamária, a qual deve variar de 45 a 60 dias, antes do parto. A redução ou aumento desse período pode ocasionar em perdas futuras na produção.
Seu papel é fundamental justamente porque nele as células da glândula mamária têm a oportunidade de se intensificar e regenerar, assegurando o acúmulo de anticorpos e deixando a vaca preparada para uma nova lactação.
Porém, no período de vacas secas, não só há a oportunidade de proporcionar um descanso fisiológico, como também é um ótimo momento para o tratamento de mastites subclínicas.
Isso porque muitas vacas secas chegam nesse período com infecções intramamárias, que não puderam ser tratadas durante a lactação.
Acompanhe o próximo tópico e veja as características dessas infecções e o quadro em vacas secas.
Primeiramente, é importante reforçar como as infecções ocorrem, para contextualizar o quadro de mastite em vacas secas.
As mastites são provocadas por grupos de microrganismos. São eles os agentes infecciosos e os agentes ambientais. Tais agentes causam um processo inflamatório da glândula mamária da vaca, com alterações patológicas no tecido glandular.
Os agentes infecciosos causam a mastite contagiosa. Eles se adaptam à glândula mamária, causando infecções que são persistentes. Logo, caracterizam a mastite subclínica.
Os agentes mais comuns são o Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae, que podem ser transmitidos entre os quartos mamários durante a ordenha.
Isso ocorre tanto pelo uso de equipamento com limpeza inadequada como pela falta de higiene na mão do ordenhador.
Por outro lado, a mastite ambiental é causada por microrganismos presentes no espaço em que o animal vive, como no esterco, barro e água. Assim, esses agentes – principalmente coliformes fecais – conseguem entrar no úbere e encontrar condições favoráveis para sua multiplicação.
O resultado é um quadro de mastite. Em grande parte, mastites clínicas, que se não tiverem um tratamento rápido e eficaz, podem ocasionar na perda do teto, devido à fibrose ou até mesmo a morte do animal.
Embora a mastite clínica tenha sintomas severos e a subclínica não, essa forma mais branda merece atenção.
A explicação é que esses microrganismos são capazes de permanecer sem que sinais clínicos evidentes sejam diagnosticados. Uma das formas de diagnosticá-los, é através da contagem de células somáticas (CCS).
Contudo, ainda que sem sinais clínicos, a mastite subclínica pode causar inúmeros prejuízos econômicos, pois pode causar lesões nas células secretoras da glândula mamária. Outro fator é que, devido a falta de sintomas, o produtor continua espalhando a infecção, já que não vê a mastite acontecendo.
O risco dessas infecções eleva em vacas secas, sendo muito mais alto nas duas semanas logo após a secagem, resultando até em maiores casos de novas infecções do que durante a lactação.
Em contrapartida, a secagem é um dos períodos mais vantajosos para tratar as mastites subclínicas. Esse período é dividido em três fases fisiologicamente diferentes. Entenda sobre elas:
Fase 1
É a fase de involução ativa que ocorre nas três primeiras semanas, após a secagem. Nessa primeira fase, há acúmulo de leite, aumento na pressão intramamárias e um risco alto de infecções novas.
Ocorre também o aumento de contagem de células imunes, as quais possuem a função de absorver os componentes do leite e das células produtoras de leite.
Logo, surge a formação de tampão de queratina no canal do teto. Esse tampão funciona como uma barreira que impede a entrada de patógenos causadores de mastite.
Fase 2
Na fase dois o úbere fica completamente involuído e sem secreções. Por isso, o risco de novas infecções diminui.
Fase 3
Após as fases anteriores, a glândula mamária inicia a produção do colostro, cerca de três semanas antes do parto. Essa fase envolve o aumento de anticorpos e componentes do leite.
Nessa etapa final, além de uma maior pressão do úbere, o animal apresenta menor capacidade de resposta imune, aumentando a probabilidade de novos casos de mastite, sobretudo, as causadas por agentes ambientais.
Esse risco irá depender de mecanismos de defesa da vaca e do que a contaminação irá causar. De qualquer forma, a mastite em vacas secas causa prejuízos como a diminuição do leite e de sua qualidade na lactação seguinte, bem como pelo aumento de casos de mastite clínica no pós-parto.
Dessa forma, com estratégias para o tratamento de vacas secas é possível reduzir significativamente os casos de mastite clínica no rebanho.
Existem alguns fatores que são cruciais quando falamos em infecções nas vacas secas. Um dos principais é o fato de que esse é um período de alterações metabólicas e de uma queda forte na imunidade.
Por conta disso, o risco de infecções ambientais é maior. Principalmente em fazendas em que o ambiente pré-parto e a maternidade não oferecem as condições apropriadas para os animais.
Além disso, alguns outros fatores merecem destaque, como:
Ainda que haja um risco maior de infecções, as taxas de cura são maiores nos tratamentos em vacas secas.
Uma das razões é a possibilidade de uso dos medicamentos com maior concentração de antibióticos, visto que nas vacas em lactação, o leite com resíduo de antibiótico precisa ser descartado.
Consequentemente, esse descarte vira um prejuízo para o produtor. E com a terapia da vaca seca, a chance de contaminação do leite reduz bastante, caso o período mínimo de carência do remédio seja seguido.
Vale ressaltar que as vacas que alcançam a cura de infecções intramamárias, com essa terapia, têm sua vida útil no rebanho aumentada, pois não precisam passar por segregação ou descarte.
Outras vantagens é a possibilidade de recuperação de lesões na glândula mamária e menos incidência de mastite clínica a partir da primeira semana após o parto.
Mas, essa recuperação também dependerá do agente causador, da idade da vaca, bem como de sua saúde.
Existe uma forte tendência para a redução do uso de antimicrobianos nos animais de produção, tanto pelas questões de saúde quanto pelo aumento da resistência de microrganismos nos produtos usados.
Nesse contexto, alguns países como Holanda e Dinamarca têm adotado a terapia da vaca seletiva como opção.
Essa terapia parte do pressuposto de que nem todas as vacas possuem uma infecção intramamária no momento da secagem. Assim, a base para escolha são fatores como cultura microbiológica, histórico de mastite clínica e CCS.
Tais fatores determinam quais vacas devem receber infusões de antibiótico intramamário e quais delas precisam apenas do uso de selante de tetos.
Como falamos, nas primeiras semanas após a secagem, a formação do tampão de queratina no teto começa funcionando como uma barreira contra infecções intramamárias.
No entanto, é comum que haja falha ou atraso nessa formação, o que reduz bastante a proteção contra os microrganismos.
Para esses casos, criou-se selantes de teto e do ambiente interno da glândula mamária. Esses selantes possuem o objetivo de exercer a mesma função do tampão de queratina.
Eles são feitos de uma solução inerte, sem proteção antimicrobiana e executa bem a função do tampão natural. Afinal, com ele é possível interromper a comunicação entre o interior da glândula mamária com o ambiente externo.
O selante fica no canal do teto por todo período seco e é possível retirá-lo após o parto, manualmente.
Existem alguns casos em que o uso do selante se associa ao uso de antibiótico em vacas secas, reforçando a proteção da glândula mamária.
De fato, a melhor forma de cuidar do negócio e evitar prejuízos é através da adoção de medidas preventivas de novos casos de mastite.
Ter estratégias para um tratamento adequado das vacas secas é fundamental, sobretudo, no final da lactação.
Até porque, os benefícios diretos do tratamento de vacas secas são maiores do que a taxa de cura nos tratamentos durante a lactação. Por isso, adotar boas práticas na fazenda é essencial.
Assim, o tratamento antimicrobiano na secagem pode ser feito de maneira simples. Deve ser feita a infusão de antibiótico intramamário, específico para vacas secas em todos os quartos mamários, monitorando nas duas primeiras semanas. Contudo, é preciso cuidado para que a cânula que se insere de forma parcial, sem danificar o tampão de queratina do teto. Além disso, esse tampão não pode ser empurrado, pois poderá levar microrganismos para o interior do canal do teto. E a higiene nesse momento é fundamental. Tenha o acompanhamento de um médico veterinário.
Para complementar, algumas boas práticas podem ajudar bastante, como:
Vale lembrar que esses cuidados serão mais efetivos com o uso conjunto de selantes e a adequação de um ambiente limpo e confortável. Dessa forma, é possível ter uma produção saudável e lucrativa.
Nesse sentido, a
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