A produção de leite tem grande importância na alimentação e na economia, necessitando sempre de técnicas para aprimorar a produtividade. Por isso, o bom manejo da ordenha é fundamental.
Quem é criador de gado e produtor de leite sabe que neste ramo muitos aspectos possuem ligação, como uma boa alimentação, um espaço satisfatório, manejo adequado, boa ordenha e cuidados sanitários com os animais.
Mas para além desses métodos, a forma como os cuidadores interagem com os animais para realizar todos esses processos faz toda a diferença!
Você sabia que o bem-estar e a interação humano-animal têm relação com os seus índices de produtividade?
Se a sua resposta foi negativa, acompanhe este artigo, onde te explicaremos detalhadamente como isso ocorre e o que fazer para melhorar!
Boa leitura!
A ordenha é o ato de retirar o leite das glândulas mamárias (úberes) das vacas e é um dos processos mais importantes para a obtenção do leite. Por isso, a sua condução e ação necessita ser o mais calma e higiênica possível!
Mas assim como os humanos, onde o conforto e bem-estar têm papel fundamental na saúde, com os bovinos não é diferente! Pois se estão em um local calmo, confortável e com bom tratamento, a produção de leite aumenta notadamente!
Assim, esse bem-estar relativo aos bovinos diz respeito ao nível geral de conforto do animal no ambiente, e é uma parte que deve ser levada em consideração pelos criadores de gado leiteiro que desejam melhorar e aumentar a sua produção!
O ambiente e a forma como o humano interage com o animal é de grande relevância para o bem-estar do gado.
É possível avaliar o conforto e comodidade das vacas através de alguns indicadores, que permitem ao produtor medir como está o desempenho técnico e econômico do seu negócio, como a produtividade, a reprodução, comportamentos anormais do gado, ocorrência e gravidade de ferimentos e doenças.
Além disso, o manejo correto da ordenha é fundamental para o controle de doenças no rebanho, menos lesões nos tetos das vacas, melhor qualidade do leite e aumento da rentabilidade, contribuindo para que o produtor continue atuando no ramo.
Contudo, sabe-se hoje que as vacas possuem a habilidade de reconhecer os seus tratadores.
Então diversos estudos relatam resultados acerca da relação humano-animal e como ela impacta no bem-estar e no rendimento bovino, onde, principalmente no momento da ordenha, o vínculo humano-animal é estreitado.
Esses experimentos têm o objetivo de avaliar como as vacas se comportam frente a ações positivas e negativas por parte do cuidador.
As ações negativas são as de cunho agressivo, como tapas, empurrões e gritos aos animais, seja no momento da condução ou durante a ordenha.
Já as palavras calmas, a conversação no período da ordenha, o ato de se aproximar de forma tranquila do animal são as ações de caráter positivo.
Quando os cuidadores agem de forma mais violenta, as vacas desenvolvem medo a estes e tendem a querer distância do tratador, mesmo que se passem vários dias sem contato.
As vacas que recebem tratamento negativo defecam até seis vezes mais no momento da ordenha, ocorre redução da produção de leite, podendo variar de 30 – 50% por conta da aversão e do medo existente por parte do animal para com o humano.
Ademais, é possível encontrar cortisol (hormônio do estresse) no leite, e a diminuição da produção se deve justamente a esse elemento, que afeta o consumo de alimentos por parte da vaca e o seu sistema imunológico!
Portanto, quanto maior é o estresse e o medo do animal pelo ordenhador, maior é a retenção de leite no úbere, podendo chegar até 70% em alguns casos! E, além disso, quando as vacas retornam a locais onde houve manejo impróprio e maus-tratos, tendem a ficar muito mais agitadas!
Entretanto, quando os cuidadores possuem uma relação de confiança e atuam de maneira positiva e gentil com os animais, todos esses transtornos desaparecem!
Pois o bom tratamento faz com que as vacas associem o tratador até mesmo como uma recompensa, como a oferta de comida. Além de que, quando o cuidador as trata com carinho, afago, conversas, tranquilidade, as vacas tornam-se mais calmas, o que ajuda na produção e na liberação de mais leite no momento da ordenha!
Essa liberação mais acentuada de leite pode atingir um aumento de até 20% na produção leiteira!
Além do bom tratamento e zelo ao gado, as questões de higiene não podem ser deixadas de lado, pois refletem diretamente na saúde do animal, e consequentemente na cadeia de produção.
Decerto que algumas doenças comumente atingem as vacas produtoras de leite e impactam negativamente na economia do negócio. Uma das enfermidades mais conhecidas é a mastite bovina, e uma das formas de aquisição é por uma ordenha feita inadequadamente e sem a higiene necessária.
A mastite bovina consiste em uma inflamação na glândula mamária devido à presença de microrganismos patogênicos (capazes de provocar doenças), como bactérias e fungos.
Após a instauração do quadro de mastite, algumas vacas manifestam sinais e sintomas, que é a mastite clínica. Mas há outro tipo que atinge o gado em maior escala, sendo conhecida como mastite subclínica, pois os animais não apresentam sinais e sintomas, e a identificação é feita através da contagem de células somáticas.
A mastite é responsável pela menor qualidade e quantidade de leite. Isso acontece, pois a vaca com a infecção deixa de produzir até três litros de leite por dia!
Contudo, se não for tratada corretamente, o animal ainda pode vir a óbito!
Como vimos, o estresse é um dos principais causadores da redução da produção do leite, e o motivo varia desde condições físicas até afetivas dos cuidadores com as vacas.
Mas para te auxiliar a melhorar e aumentar a sua produção, algumas dicas podem ser de grande valia.
O local onde o gado está retido deve conter árvores ou uma área coberta para que eles possam se proteger do sol e da chuva.
Os itens que possam causar danos aos animais, seja por ingestão ou ferimentos, devem ser recolhidos do espaço.
O gado deve ter água à vontade, pois é um elemento essencial e tem forte ligação com a produção de leite!
Em épocas mais quentes, como o verão, o consumo de água por parte dos animais pode até dobrar!
A água deve ser pura, sem cor, sem cheiro e sem sabor e deve estar à disposição dos animais 24 horas por dia.
O fornecimento correto de nutrientes, como carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais é essencial para que as vacas possam se manter e produzir o seu leite.
Portanto, precisam ser alimentadas de acordo com as suas necessidades, o que as faz produzir mais e melhor.
As vacas leiteiras, devido a sua condição, apresentam um gasto de energia alto, que gera um estresse térmico principalmente em dias mais quentes, sendo necessário que esses animais possuam uma ventilação adequada, como sombra e água fresca, ou até mesmo com a instalação de ventiladores quando em ambientes fechados.
A infestação por moscas normalmente se relaciona com questões de higiene do local, e esses insetos causam estresse no rebanho, ocasionando perda de peso e diminuição da produção de leite pelas vacas.
Além disso, as moscas são importantes vetores de microrganismos, incluindo os agentes patogênicos causadores da mastite bovina! Sendo necessário o controle rigoroso desses insetos!
As lesões de casco também precisam ser cuidadas, pois são muito comuns no gado leiteiro. Alguns casos trazem que é o segundo problema mais recorrente nesses animais, perdendo apenas para a mastite. Essa complicação causa dor e estresse nas vacas, impactando diretamente na diminuição da produção de leite.
Os pisos para movimentação do gado não devem ser duros e ásperos, e sim macios e secos. Sendo um piso seguro para o animal, visando não causar lesões e nem dores, evitando assim o favorecimento de lesões de casco!
Selecione e treine os seus funcionários, pois são eles que vão lidar com o gado, e precisam proporcionar trocas sociais saudáveis entre humanos e animais. Além de estarem cientes dos processos de higiene.
Esses ordenhadores precisam ser pessoas atenciosas, tranquilas, que gostem do tipo de trabalho e que forneçam um manejo correto do gado. Ou seja, não impondo medo, e sim acolhendo os animais.
Assim, a equipe de cuidadores deve vestir roupas limpas, saber realizar a lavagem das mãos antes de começar o processo de ordenha, além de não fumar, beber ou comer durante a coleta do leite.
Uma ordenha feita corretamente é capaz de aumentar a produção e obtenção do leite de qualidade e reduzir a ocorrência de mastites. O que faz aumentar consideravelmente a produtividade e a lucratividade.
Mas para alcançar este ponto, além das dicas acima, também requer a prática de bons procedimentos durante a ordenha.
Ao adotar os passos seguintes de forma correta e como parte da rotina, muito provavelmente haverá melhora nos seus índices de produção, prevenção de doenças e diminuição das despesas relacionadas a tratamentos.
O local e os equipamentos para ordenha precisam estar limpos e os animais devem ser guiados para o espaço de forma tranquila. Por isso, não grite, não bata no rebanho, evite movimentos bruscos, não faça uso de espetos, choques ou produtos tóxicos. Além disso, não utilize cachorros para encaminhá-los à área.
Ao entrar no espaço da ordenha, as vacas devem ingressar na seguinte ordem: vacas de primeira cria, vacas sadias, vacas com mastite subclínica, vacas em colostro e vacas com mastite clínica em tratamento.
O leite obtido das vacas com mastite e em colostro não deve ser misturado com o das demais, e nem consumido por humanos!
O ordenhador deve lavar bem as mãos com água e sabão antes de iniciar o processo. Também deve verificar se os equipamentos que serão usados estão bem limpos.
Não é preciso lavar os tetos das vacas (a não ser que estejam muito sujos). Então, deve-se apenas mergulhá-los em solução desinfetante de iodo, cloro, clorexidina ou de acordo com a indicação técnica existente. Deve-se aguardar 30 segundos para a sua ação, o que elimina boa parte dos microrganismos ali existentes e que se multiplicam mesmo com o leite em refrigeração.
Feito isso, utilize partes diferentes do papel toalha descartável para secar cada teto.
É necessário fazer os testes para detecção de mastite antes de iniciar a ordenha, como o teste da caneca, onde você deve retirar os três primeiros jatos de leite em um recipiente escuro e observar se existem alterações, como presença de pus, leite muito amarelo ou aquoso.
O espaço deve se manter calmo. Quando iniciar a ordenha, é preciso ir até o final, sem paradas, pois são nos primeiros minutos que se consegue obter a maior parte do leite, devido a atuação dos hormônios.
Quando o fluxo do leite no coletor da teteira terminar, primeiro desligue o vácuo antes de retirar o equipamento.
Então higienize o utensílio antes de posicionar em outro animal. Isso deve ser feito visando a não contaminação entre as vacas, mergulhe o equipamento em solução desinfetante e deixe escorrer por um minuto.
Após o término da ordenha de cada animal, é necessário imergir os tetos das vacas novamente em solução desinfetante.
E lembre-se que o leite precisa ir diretamente para a refrigeração logo após a coleta, para inibir a proliferação de bactérias que prejudicam a qualidade do material!
Os animais precisam receber alimentação depois da ordenha, pois isso ajuda na prevenção do surgimento da mastite.
Por fim, inicie a limpeza da área e dos equipamentos da ordenha!
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